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mineiro pau no estado do rio de janeiro

Ibelga (Mineiro-Pau) 010

CENTRO DE FORMAÇÃO FAMILIAR POR

ALTERNÂNCIA ESCOLA MUNICIPAL REI ALBERTO I

Não existe consenso entre os moradores e os praticantes, sobre como o Mineiro Pau começou na região de Salinas, Três Picos e São Lourenço, em Nova Friburgo (RJ), também não se encontram pesquisas acadêmicas com essa informação específica. Mas é inegável sua presença marcante na cultura da região, há pelos menos, algumas décadas.

No ano de 2002, teve início uma iniciativa de resgate e valorização do Mineiro Pau dentro de uma das escolas da região. O Centro Familiar de Formação por Alternância Escola Municipal Rei Alberto I, trabalha no seu projeto pedagógico dentro das diretrizes da chamada “Pedagogia da Alternância”, que dentre muitas outras especificidades, procura abordar no espaço escolar conteúdos que valorizem o meio sociocultural dos alunos. Após assistir uma apresentação, na própria escola, de um grupo de Mineiro Pau tradicional na região, a então professora de educação física do ensino fundamental Elisa Lopes Vargens, dialogando com os alunos descobriu que muitos deles eram netos, sobrinhos, primos ou filhos de integrantes dos grupos de Mineiro Pau da região, e alguns inclusive já sabiam vários movimento e batidas; “foram eles que me ensinaram” relatou. Segundo a professora Elisa, os alunos mostraram imediatamente interesse em formar um grupo de Mineiro Pau dentro da escola.

Para formação do grupo, para o maior conhecimento dos movimentos e batidas e realização dos primeiros ensaios, a professora conta que também foi fundamental a ajuda de Seu Hermínio, (antigo morador da região, figura muito conhecida e constante parceiro da escola em diversas atividades, que era integrante de grupos de Mineiro Pau tradicionais da região) e também de outros familiares de alunos que ajudavam e participavam da parte musical nos ensaios e apresentações, tocando caixa, triângulo e acordeom; parte essa, que segundo a professora, era a maior dificuldade dos alunos no início.

Esse grupo teve duração enquanto a professora Elisa Vargens esteve trabalhando na escola, entre 2002 e 2008. Durante esse período participaram do grupo, alunos tanto do ensino fundamental quanto do ensino médio, inclusive segundo a professora, alguns alunos após se formarem no ensino médio se colocavam a disposição para participar e auxiliar nos ensaios e apresentações, sempre que fosse necessário. O grupo de Mineiro Pau da escola, teve em média de 15 à 20 integrantes durante sua existência, mesmo com a inevitável rotatividade de alunos que iam se formando. Apesar da maioria deles ter sido composta por meninos, nos últimos anos do grupo algumas meninas também começaram a participar, “o Mineiro Pau de Salinas, era batido com muita força, com madeiras  grossas e pesadas, ás vezes eles se machucavam por usarem muita força física, na medida que os alunos começaram a se familiarizar com a noção de ritmo no Mineiro Pau, as batidas foram ficando mais suaves e acho que por isso as meninas começaram a se sentir mais convidadas à participar do grupo”comentou a professora; além disso, na região os grupos de Mineiro Pau mais antigos são tradicionalmente compostos apenas por integrantes do sexo masculino. Outro fato curioso relatado pela professora é que os alunos que integraram (especialmente no início) o grupo, muitas vezes eram os alunos tidos como “os mais agitados”, mas quando se tratava dos ensaios e apresentações os alunos “eram extremamente comprometidos e responsáveis” nesses momentos, segundo a professora Elisa.  

 

Os ensaios aconteciam sempre dentro do espaço da escola, normalmente nas aulas de educação física. Mas o grupo de Mineiro Pau da Escola Municipal Rei Alberto I, se apresentou em diversos espaços fora da escola, como em festas juninas de outras escolas (inclusive fora de Nova Friburgo), na Casa de Cultura de Bom Jardim, no SESC de Nova Friburgo entre outros locais e eventos. De acordo com Elisa, sempre houve total apoio da direção da escola e da Secretaria de Educação Municipal, além do orgulho e apoio incondicional dos pais e responsáveis pelos alunos e de toda comunidade, inclusive fornecendo diversos materiais para o grupo como as madeiras, chapéus, ou instrumentos.

Infelizmente, após a saída de professora Elisa da escola em 2008, o grupo não teve uma longa continuidade. A professora Erika, da disciplina de artes no ensino médio (que também não está mais no colégio atualmente), procurou junto com o mestre de capoeira Fabiano, (que na época, desenvolvia na escola o projeto Mais Educação) dar continuidade aos ensaios do grupo, mas o mesmo não conseguiu se manter durante muito tempo.

Iniciativas como essa são de extrema importância para o resgate e para a continuidade de manifestações culturais, especialmente nas regiões rurais, onde a interferência dos modos de vida do meio urbano e a desvalorização dos saberes locais, tem se dado de forma cada vez mais agressiva e presente, principalmente entre a juventude do campo. Nesse sentido, a escola se torna um espaço vital para esse resgate e deve buscar, como foi feito neste grupo de Mineiro Pau da Escola Municipal Rei Alberto I, procurar despertar nos jovens e na comunidade, a consciência da valorização de seu modo de vida e de seu rico patrimônio material e imaterial.

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