CENTRO DE ESTUDOS E PROMOÇÃO DA
AGRICULTURA DE GRUPO
FLORIANÓPOLIS - SANTA CATARINA
O Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (Cepagro) foi fundado em 20 de abril de 1990 por pequenos agricultores e técnicos interessados na formação de pequenas redes produtivas locais, como forma de viabilização das propriedades rurais familiares. Ao longo de sua existência, e através de profunda e contínua reflexão crítica, o Cepagro vem se reestruturando para melhor atender a atual realidade sociocultural e econômica de Santa Catarina, no que tem obtido bons resultados, por meio dos projetos que executa, atuando sempre em forma de rede, parcerias e convênios. Sua missão está voltada para promover a agroecologia de maneira articulada, em rede, em comunidades rurais e urbanas, garantindo a incidência política.
No âmbito dessa reestruturação, traçou-se uma proposta de Projeto Institucional que reafirma a importância de se manter o Cepagro atuante e com o propósito de trabalho orientado para organização popular de comunidades rurais e urbanas, ampliando sua atuação na Agroecologia.
Cabe ressaltar que o Cepagro integra diferentes espaços públicos, pois, por serem espaços representativos e deliberativos, possibilitam a interlocução com diferentes esferas dos governos e da sociedade civil, favorecendo a criação e a implementação de políticas públicas voltadas para o interesse da agricultura familiar e comunidades urbanas, reforçando a relação entre micro e macro esferas. A partir das atividades de formação, acompanhamento técnico e organização, o Cepagro estabelece cotidianamente, com o público beneficiário dos projetos executados, reflexões críticas sobre a realidade vivenciada, permitindo vislumbrar potenciais e limites ao processo de busca de alternativas. Espera-se, assim, contribuir para a construção de bases que possibilitem uma boa perspectiva para o futuro da agricultura familiar e das comunidades urbanas, unificando de maneira integrativa esses dois universos.
O Cepagro atua com diferentes frentes no meio rural, direcionando suas atividades para a infância e a adolescência, a juventude, os quilombolas, os agricultores familiares e os mestres populares. Durante anos, atuou em projetos de diversificação nas lavouras de tabaco, produção leiteira e agroecológica, além de prestar assistência ao Núcleo Litoral Catarinense da Rede Ecovida de Agroecologia. Entre os seus projetos, destacam-se:
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A Rede Catarinense de Engenho de Farinha que, desde 2010, vem sendo consolidada pela inciativa do Ponto de Cultura Engenhos de Farinha, tem o Cepagro, atualmente, como gestor, na busca por sua consolidação e autonomia, onde existem quatro linhas de ação: comercialização e serviço, turismo, educação e cultura, e questões fundiárias. A Rede possibilitou a aprovação de mais quatro projetos.
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O projeto de promoção da articulação entre o campo e a cidade em dinâmicas locais e regionais de abastecimento agroecológico, conjugado com incidência política em soberania e segurança alimentar e nutricional – conhecido como Misereor em Rede (pois é apoiado pela organização alemã Misereor). Resultado de uma articulação entre a Cepagro e outras três organizações do Sul do Brasil – Cetap, Aspta e Centro Vianei de Educação Popular, o projeto tem o objetivo de promover e articular dinâmicas locais e regionais de produção, processamento e abastecimento agroecológico em organizações do campo e da cidade, orientadas em relações solidárias e nos princípios da Segurança Alimentar das populações.
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o Programa Educando com a Horta Escolar e Gastronomia, implementado pelo Cepagro em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Florianópolis. A partir deste programa, o Cepagro criou uma metodologia de hortas pedagógicas. De 2013 a 2016, desenvolveu ações de educação ambiental no Camping do Parque Estadual do Rio Vermelho. Em 2017, realizou o Ciclo de Oficinas Saber na Prática, com atividades sobre agricultura urbana em diversas comunidades de Florianópolis. Nesse mesmo ano, também passou a assessorar a implantação de hortas pedagógicas em Antônio Carlos (SC).
Em 2016, o Cepagro e o Ponto de Cultura Engenhos de Farinha receberam o Prêmio de Boas Práticas em Salvaguarda do Patrimônio Imaterial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), ficando em quarto lugar dentre 121 propostas analisadas. No ano seguinte, o projeto Engenhos de Farinha ficou em segundo lugar no Edital de Chamamento Público da Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte (SOL) de Santa Catarina, que selecionou 50 propostas de fomento, desenvolvimento e implementação de projetos na edição estadual do Programa Mais Cultura.
Com esses recursos, retomou-se a articulação das famílias que integraram as atividades do Ponto de Cultura entre 2010 e 2014, formando-se a Rede Catarinense de Engenhos de Farinha/Cepagro, que promoveu quatro encontros entre 2016 e 2017: no Casarão e Engenho dos Andrade (Florianópolis); na Associação Comunitária Rural de Imbituba (ACORDI – IMBITUBA; no Engenho do Ademir (Garopaba); e no Engenho da Família Gelsleuchter (Angelina). Ao longo dessas atividades, foram desenhados quatro eixos de atuação da Rede: Comercialização; Educação e Cultura; Turismo, Terra e Território. No encontro realizado na ACORDI, a fala de uma técnica do IPHAN, Carla Cruz, trouxe grande sensibilização para a importância da valorização e reconhecimento dos engenhos como Patrimônio Cultural Imaterial, que passaram a ser tratados como um tema transversal dentro dos outros eixos de demandas da Rede.
Antes de buscar o registro junto ao IPHAN, portanto, colocou-se a meta de se construir o Inventário dos Bens Culturais dos Engenhos de Farinha. Com o financiamento de fundos de editais culturais promovidos pela Fundação Catarinense de Cultura/Secretaria de Estado de Esporte, Turismo e Cultura e também do Prêmio Culturas Populares - edição Leandro de Barros, a Rede Catarinense de Engenhos de Farinha/Cepagro pôde desenvolver em 2018 um ciclo de oficinas de educação patrimonial em quatro municípios catarinenses: Florianópolis, Garopaba, Bombinhas e Imbituba. Além de levantar os bens culturais dos engenhos, as oficinas serviram também como momentos de encontro e fortalecimento de laços das famílias da Rede.
O Inventário foi lançado em abril de 2019, tanto em formato texto quanto num varal-exposição fotográfica. Juntamente foram lançados o Mapa Cultural dos Engenhos de Farinha, o livro Comida de Engenho e o documentário #EngenhoÉPatrimônio, todos produzidos durante as atividades e oficinas promovidas pela Rede e com apoio do Prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura, da Fundação Catarinense de Cultura. Em setembro de 2019, o Inventário Participativo dos Engenhos de Farinha do Litoral Catarinense recebeu o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, do IPHAN, o mais importante na área de Patrimônio Cultural do Brasil.
O pedido de registro dos engenhos como Patrimônio Cultural Imaterial foi entregue ao IPHAN, à Fundação Catarinense de Cultura e à Fundação Municipal de Cultura Franklin Cascaes (de Florianópolis) em maio de 2019. Enquanto os processos tramitam, a Rede Catarinense segue articulando as famílias, mantendo viva a chama dos engenhos. Como próximos passos, a Rede Catarinense continuará investindo em ações de Educação Patrimonial junto a escolas, além de apoiar os engenhos para participar de redes e circuitos de turismo de base comunitária e também para a comercialização da farinha.
Pontos de Cultura e Memória Rurais: uma alternativa para os povos do campo, das florestas e das águas.
Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo
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Florianópolis - Santa Catarina
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