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FOTOGRAFIAS QUE
CONTAM HISTÓRIAS

Saberes e Fazeres da Agricultura Familiar

Dedicamos o livro "Fotografias que contam histórias: Saberes e Fazeres da Agricultura Familiar” às milhares de famílias presentes no nosso Brasil profundo que dedicam suas vidas semeando, cuidando e produzindo alimentos para garantir a soberania alimentar.

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retrato capa - Manu e Tome
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retrato capa
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AGRADECIMENTOS

Agradecemos às famílias que compartilharam suas histórias e que nos permitiram acompanhar e registrar o cotidiano em suas propriedades e aos profissionais que estiveram envolvidos nesta aventura de contar as histórias através

de fotografias.

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O livro “Saberes e Fazeres da Agricultura Familiar” valoriza o importante papel da agricultura familiar na garantia do direito à alimentação através de fotografias que contam a história de famílias produtoras de alimentos e que valorizam a cultura das comunidades rurais, envolvendo os municípios de Bom Jardim, Trajano de Moraes e Nova Friburgo, localizados na região serrana do estado do Rio de Janeiro, onde concentra a maior parte da produção agrícola e que possui diversas experiências de arranjos locais voltados para a preservação ambiental e para um turismo sustentável.

 

Demarcando assim, a importância da produção agrícola destas comunidades rurais, que a partir de meados do século XX, escoavam seus alimentos através de tropas de mulas e onde muitos descendentes, imigrantes europeus, mantém viva, até hoje, práticas de cultivo que foram repassadas através da oralidade, de geração para geração, como a produção de broa no forno a lenha, do fubá em moinho de d'água, de pomadas e tinturas com ervas medicinais, de produção de bananada sem açúcar, entre outros.

Desta forma, as fotografias contam histórias sobre a importância de quem produz o alimento, de quem alimenta o Brasil no sentido nutricional, ao mesmo tempo que demarca a dimensão cultural dos modos de vida que se integram à natureza e a importância de se buscar mais autonomia para viver no campo. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, cerca de 70% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros e das brasileiras vêm da agricultura familiar, que mantém viva a soberania alimentar do povo, produzindo comida sem veneno, com sabor e gosto, com diversidade de proteínas, valor nutricional e preservando os saberes e fazeres. Apesar das histórias familiares serem distintas, podemos encontrar pontos em comum, como a produção agroecológica e a busca de um bem viver, considerando fundamentais a integração e a preservação ambiental. 

Esperamos que cada história contribua para conhecermos um pouco mais da agricultura familiar presente nos municípios de Bom Jardim, Trajano de Moraes e de Nova Friburgo, onde se mesclam famílias de imigrantes, afro-brasileiros e os novos rurais que vieram em busca de uma vida mais tranquila no interior do estado do Rio de Janeiro, compartilhando estratégias encontradas pelas famílias agrícolas da região serrana. 

texto de Marjorie Botelho

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UM RIO DE JANEIRO DE MUITOS RURAIS E RURALIDADES

texto de Emilia Jomalinis

O estado do Rio de Janeiro é conhecido por ser o mais urbanizado do país, com 96% de sua população em ambiente urbano, de acordo com o Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso significa que se trata da Unidade da Federação com maior percentual de sua população residindo em área urbana. É também o estado com maioria significativa da sua população residindo na região metropolitana: 74,0% do total da população residente no território fluminense. Decerto, muitos fatores nos explicam esta condição do estado, tais como a cidade do Rio de Janeiro ter cumprido função de capital do país entre 1763 e 1960, a vinda da família real portuguesa ainda durante o período colonial, que chegou a dobrar número de moradores na cidade e, por fim, o fato da atual capital e o interior do estado terem tido ao longo da história diversos estatutos jurídicos, nem sempre compondo a mesma unidade político-administrativa. 

Além destes elementos que fazem parte da geografia histórica do nosso estado, há outros fatores que nos ajudam a compreender as dinâmicas rurais fluminense: a intensa urbanização acompanhada da especulação imobiliária, a manutenção da concentração fundiária e a inexistência e/ou ineficácia de significativas políticas agrárias e alimentares consolidam este cenário de esvaziamento pelo qual passou o interior do estado e que levou a uma considerável dependência do interior em relação à sua capital. 

Num estado cujo desenvolvimento mira majoritariamente os setores de petróleo e gás e o de serviços, os índices da atividade agrícola - produção, área ocupada e empregos - têm registrado queda sucessivamente. Os dados relativos à área colhida são categóricos em apresentar este quadro, visto que se registra redução em quase todas as lavouras entre 1985 e 2006. De acordo com a Pesquisa Agrícola Municipal, realizada pelo IBGE, componentes básicos da alimentação brasileira, como arroz e o feijão, também apresentam queda na produção, colocando inclusive a segunda maior região metropolitana do Brasil numa frágil condição em termos de soberania e segurança alimentar e nutricional. Dados recentes também indicam, lamentavelmente, a manutenção da concentração fundiária, fator que contribui para este quadro de esvaziamento e para o acirramento dos conflitos e da violência no campo. 

A alta taxa de urbanização traz desafios para a permanência da agricultura, pois em diversos casos vem associada à lógica da especulação imobiliária. Por fim, o turismo também se constitui como um elemento importante de análise que, por um lado, pode ser interpretado como uma possibilidade de atividade complementar à renda de famílias rurais, à luz da ideia da pluriatividade da agricultura, mas ao mesmo tempo pode constituir-se como uma ameaça para populações tradicionais do campo por motivos diversos, dentre os quais a valorização de suas terras e a mercantilização desse espaço estritamente para fins turísticos. Em síntese, a agricultura fluminense aparece sufocada de um lado pela sua pouca visibilidade social e política e, de outro, pelo enorme peso que os demais setores e o processo de urbanização possuem. 

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FOTOGRAFANDO O COTIDIANO DAS COMUNIDADES RURAIS

Claudio Paolino, artista visual, fotógrafo e arte-educador, vem desenvolvendo atividades ao longo de sua trajetória profissional envolvendo oficinas de fotografia, exposições, livros e documentários sobre os movimentos sociais e os saberes e fazeres presentes na agricultura familiar e nos territórios rurais.

 

Trabalhou no Centro Cultural da UERJ, no Centro de Memória do Centro Cultural do ISERJ e para vários veículos alternativos e do movimento social. Realizou os documentários “Caverna do Tempo” para o Museu Nacional e Prefeitura de Petrópolis; “Formiga no Meio Ambiente” para o Ibase; entre outros. Realizou as exposições “Paisagem Cidade: Memória e Patrimônio” no SESC Tijuca; “Pós-Chacina da Candelária” do CBDDC; “Marcha dos Sem Terra” em parceria com a ASDUER; “Caminhada dos 500 anos/ Programa dos Povos Indígenas” em parceria com a UERJ; “Saberes e Fazeres Rurais”, “Agricultura Familiar”, entre outros, em parceria com o Instituto de Imagem e Cidadania. Teve suas fotos publicadas nas edições de livros como Candelária/UFRJ, Jornal AfroReggae, Revista da UNE, CUT, entre outras.

Ao longo destes últimos dez anos, tem estado à frente de inúmeros projetos voltados para a valorização da agricultura familiar, desenvolvendo oficinas de educação patrimonial através das artes visuais; produzindo livros sobre os saberes e fazeres do campo, além de documentários abordando a diversidade cultural presente nas cantorias, na produção de broa no forno à lenha, do fubá na moenda do moinho, entre outros. Produziu documentários, tais como: Folia da Bandeira do Divino Espírito Santo, Rezas e Ervas, Toninho – Mestre de Sabedoria Popular, Dona Jacira, Terrã Roma, entre outros. E livros como: Agricultores do Estado do Rio de Janeiro, Patrimônio Cultural de Barra Alegre, Receitas de Inhame, entre outros.

 

As oficinas que realiza de fotografia permitem aos participantes conhecerem o processo de captura de imagens, através da construção de câmaras escuras e máquinas fotográficas artesanais, estimulando o resgate da memória através do ato de desenhar com luz, tendo criado uma metodologia de ensino que batizou como “alfabetizando o olhar”, e que foi reconhecida pela UNESCO.

 

Suas exposições retratam o cotidiano dos movimentos sociais, possibilitando conhecer a realidade dos povos do campo, da floresta e das águas e seus trabalhos circulam por universidade e escolas, fomentando um olhar voltado para os movimentos sociais, para agricultura familiar e para a cultura rural.

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