top of page
Livro Fotografias contam histórias-78.jpg

AGROECOLOGIA NA FAZENDA MONTE CRISTO

Nina Celli e Guilherme Erthal - Monte Café - Trajano de Moraes

Nina Celli Ramos nasceu em 07 de agosto de 1986. Vem de uma família que migrou nos idos dos anos 80 da cidade do Rio de Janeiro para o sul de Minas Gerais e pode conviver com unidades de conservação e com famílias que cultivavam orgânicos desde pequena. Com o retorno da família para a cidade, sentia necessidade de voltar para roça e para Minas.

(LER TUDO)

92.jpg

Nina Celli Ramos nasceu em 07 de agosto de 1986. Vem de uma família que migrou nos idos dos anos 80 da cidade do Rio de Janeiro para o sul de Minas Gerais e pode conviver com unidades de conservação e com famílias que cultivavam orgânicos desde pequena. Com o retorno da família para a cidade, sentia necessidade de voltar para roça e para Minas. Foi fazer graduação em Biologia na Federal de Viçosa, onde participou de movimentos agroecológicos, trabalhou no CTA/ZM (Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata) e concluiu mestrado em Ecologia, focando em Agrofloresta e Agroecologia. Guilherme Stutz Erthal nasceu em 24 de outubro de 1986 e é descendente de duas famílias tradicionais do município de Bom Jardim, Stutz e a Erthal. Ele morou na Fazenda Monte Cristo quando tinha entre 3 e 4 anos de idade, mas viveu boa parte da sua adolescência e juventude em Nova Friburgo. Depois foi estudar agronomia na Universidade Federal de Viçosa onde participou do grupo Apeti e de projetos de extensão e que possibilitaram intercâmbios com os agricultores e mutirões em propriedades rurais, integrando conhecimento teórico com o prático. 

Neste contexto universitário, dos movimentos de agrofloresta e agroecologia, entre reuniões, mutirões, estudos e grupos de maracatu em que se conheceram, ficaram amigos e começaram a namorar. Atualmente têm três filhos, o mais velho, Joaquim, e duas meninas, Cecília e Rosa. Já formados, vieram morar na Fazenda Monte Cristo, localizada em Monte Café, município de Trajano de Moraes. A propriedade era de seu bisavô, João Alfredo Erthal, mais conhecido como Manico, importante produtor de café da região e onde morava seu pai Nelson Eduardo Erthal e seu tio Adilson Erthal. 

Para eles, regenerar a terra tem sido o objetivo de suas ações, pois a agricultura praticada pelos imigrantes que chegaram por aqui no século XVIII empobreceu o solo com a monocultura de café. Quando chegaram por aqui, tinha muito capim gigante, pasto degradado, carrapato e entulho. Foi um desafio transformar a parte da propriedade, onde estão localizados, num sítio referência em agrofloresta da região. Como na natureza o processo de regeneração leva tempo, primeiro ajeitaram uma das casas que estava desocupada, depois ajeitaram outra, reconstruíram o galpão, foram fazendo mutirões de plantio, plantando árvores, colocando literalmente a mão na terra. 

Eles não tinham recursos, mas tinham o principal - a terra -, e também o conhecimento teórico aliado às vivências agroecológicas vividas junto aos agricultores mineiros. Além da vontade de querer produzir, da disposição e motivação para regenerar a propriedade da família, de querer agroflorestar o mundo. E foi assim que começaram as plantações, os manejos e as reformas. Se tivesse leite, faziam queijo e iogurte. Com a máquina de desidratar faziam bananas, plantavam broto de girassol, pois tinha um retorno mais rápido. 

Com o tempo, foram melhorando a infraestrutura: construíram uma unidade de beneficiamento, reformaram o engenho para fazer melado. Desde o início faziam feiras, pois precisavam escoar os alimentos; tornaram seus produtos orgânicos certificados; iniciaram atividades educativas oferecendo cursos de sistemas agroflorestais, agricultura orgânica, certificação, insumos, entre outros, além de vivências e mutirões. 

Eles desenvolvem uma agricultura regenerativa, onde é fundamental a aproximação do homem com a natureza e a agricultura integra o ecossistema. A proposta deles é conciliar a sustentação do ser humano com a regeneração dos ecossistemas, pois normalmente o ser humano conserva uma área e degrada outra. E essa experiência que está em curso tem se mostrado exitosa. Não é à toa que, hoje, são referência para muitas pessoas que estão fazendo a transição da cidade para o campo ou da agricultura tradicional para agroecologia e agrofloresta. Atualmente oferecem consultoria e assessoria para várias famílias que durante a pandemia do Covid-19 vieram morar na região serrana, e essa oportunidade tem sido muito gratificante para eles, pois podem testar outros ambientes e contexto, desenhando agroflorestas em ambientes diferentes dos deles. 

Por conta do aumento da demanda de cursos e vivências, acabaram sentido a necessidade de receber as pessoas no sítio e começaram a realizar atividades voltadas para o turismo pedagógico e também para o ecoturismo, sempre priorizando as atividades que desenvolvem na propriedade: produção em agrofloresta. Para eles, o agroturismo pode ser uma grande oportunidade de conscientizar para uma agricultura sustentável e ecológica, pois a natureza é a maior professora destes ensinamentos. E assim seguem reajustando o percurso sempre, pois a natureza é dinâmica e para que a atividade seja realmente regenerativa, precisa de podas e de novas sementes. E assim, vão se desenhando, levando em consideração o processo de sucessão da própria natureza. 

bottom of page