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Manuella Saldanha e Tomé Lemos - Trajano de Moraes

AGRICULTORES DE CAPIM

Manuella Stefani Saldanha nasceu em 9 de outubro de 1990 e Tomé de Moraes Lavigne de Lemos nasceu em 24 de setembro de 1986. Tomé se formou em Letras na PUC-RJ e a Manu iniciou a faculdade de Biologia na UFRJ, mas ainda não concluiu. Eles se conheceram através de amigos em comum, pois frequentavam muito o cenário musical underground, onde Tomé costumava tocar com a banda de rock do qual participava. 

 

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Manuella Stefani Saldanha nasceu em 9 de outubro de 1990 e Tomé de Moraes Lavigne de Lemos nasceu em 24 de setembro de 1986. Tomé se formou em Letras na PUC-RJ e a Manu iniciou a faculdade de Biologia na UFRJ, mas ainda não concluiu. Eles se conheceram através de amigos em comum, pois frequentavam muito o cenário musical underground, onde Tomé costumava tocar com a banda de rock do qual participava. 

Atualmente moram no Sítio Córrego Alto, que um dia fez parte da antiga Fazenda São Lourenço, em Trajano de Moraes, considerada uma importante fazenda na região, tendo sido uma das maiores produtoras de café nos anos 1850 e, posteriormente, de produção de cachaça, conhecida como cachaça São Lourenço. Quando resolveram morar na fazenda, quiseram resgatar a tradição, reativando o alambique para a produção de cachaça, que batizaram de Cachaça do Tomé, mas como a produção não era muito barata e precisava de muitas pessoas trabalhando, resolveram se dedicar a outras frentes. 

Manu e Tomé desejavam investir em algum tipo de produção que permitisse mais segurança, por isso foram experimentando possibilidades no terreno, cedido pela mãe, para ver o que seria mais viável naquelas terras, que estavam abandonadas e que durante anos serviram apenas para pasto. Passaram um bom tempo plantando orgânicos, mas enfrentaram um dilema, por conta da quantidade de capim, que por mais que cortassem, seguia se expandindo. 

A sensação que eles tinham era de que estavam sempre perdendo terreno para o capim. Outro problema que enfrentavam era a ausência de assistência técnica para orientar sobre práticas de cultivo, adubação, insumos orgânicos, entre outros. A solução que encontraram foi migrar as atividades para a pecuária, tornando como se autodenominam: agricultores de capim. A partir daí passaram a estudar e pesquisar alternativas de assistência técnica e de geração de renda, e encontraram a Cooperativa de Macuco e o projeto Balde Cheio do SENAR. 

No Brasil, a pecuária extensiva tem sido a mais difundida, mas eles optaram por produzir em áreas de piquete, conhecida como pecuária intensiva, onde o gado fica numa área demarcada, enquanto as outras áreas ficam descansando por trinta dias. Esse processo impede o pisoteio no solo, dando tempo do capim se regenerar, permitindo que sempre tenha capim com uma altura que proteja o solo e que sempre tenha capim para alimentar os animais. Eles também têm uma produção de bezerros, pois as vacas precisam parir para darem leite. No entanto, para aumentar a produção, precisam piquetear todas as áreas. 

Atualmente tem 4 hectares de pasto e 1 de canavial, e apenas um é piqueteado. Para aumentar as áreas de piquete, precisam investir em cercas e plantar árvores para fazer sombra. Os animais que possuem na propriedade são uma mistura de gado europeu e indiano e são chamados por seus nomes. As vacas são Jujuba, Rosinha, Samarica, Livi, Solange, Boneca, Rosana e Madame. E o touro é conhecido como Cheiroso, além dos bezerros Viola, Violeta, Beijoca, Maravilha, Lico, Talarico e Cravinho. 

Eles se reconhecem como agricultores de capim, pois cuidam do pasto como uma lavoura, pois entendem que o principal para uma boa produção é dar um bom alimento para as vacas poderem se alimentar bem e assim gerar um bom leite para comercialização. Atualmente vendem toda a produção que envolve queijos, requeijão e iogurte. Em média, vendem de 7 a 8 peças por dia, e vão ao Rio de Janeiro a cada 20 dias com aproximadamente 30 queijos, 30 requeijões e 50 litros de iogurte. Eles não têm dificuldades de escoar sua produção, sendo a divulgação feita no “boca a boca”, através de um site onde ofertam a disponibilidade e divulgam para os compradores. Atualmente, o maior problema é aumentar a produção, pois precisam de mais matéria-prima, no caso, de leite. 

Outra forma de geração de renda tem sido a venda de bezerros e também a venda de leite para a Cooperativa Macuco, da qual são filiados, o que permite uma venda garantida. No início tiravam leite duas vezes ao dia, de domingo a domingo, para garantir uma produção maior de leite, mas avaliaram que essa rotina era muito cansativa para os animais e também para eles. Agora seguem o que chamam de “meio-termo”, tirando leite apenas uma vez por dia, o que diminuiu a produção, mas deu mais qualidade de vida na rotina. Da produção, uma parte segue para a Cooperativa e a outra eles processam, o que tem permitido retornar as atividades de comercialização entre amigos e em feiras. 

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