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AÇAÍ JUSSARA CONSTRUINDO AUTONOMIA

Ludmila Zaiden e Diogo Busnardo - Vargem Alta - Nova Friburgo

Ludmila Cavalcanti Zaiden, nasceu em 5 de julho de 1988 no Mato Grosso, na cidade do Alto Araguaia, oriunda de família de imigrantes libaneses, e Diogo Busnardo de Matos, nasceu no dia 6 de julho de 1986, em São Paulo, mas morava com a família no Paraná. Eles se conheceram em um Congresso de Biologia, pois ambos fizeram faculdade nesta área, mas ficaram anos sem se ver, e para manter o contato trocavam mensagens até ...

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Ludmilla Cavalcanti Zaiden nasceu em 5 de junho de 1988 no Mato Grosso, na cidade do Alto Araguaia, oriunda de família de imigrantes libaneses. Diogo Busnardo de Mattos nasceu no dia 6 de julho de 1986, em São Paulo. Eles se conheceram em um Congresso de Biologia, pois ambos fizeram faculdade nessa área, mas ficaram anos sem se ver. Mantinham contato trocando mensagens nas primeiras redes sociais que existiam (Orkut, Mirc), até que viajaram juntos e começaram a namorar a distância. Quando se formaram, foram morar juntos e tiveram dois filhos: Cainã e Catarina, um mineiro e outro fluminense. 

Eles chegaram na região serrana em 2016 e alugaram uma casa durante sete meses na Fazenda Monte Cristo, no município de Trajano de Morais. Quando perceberam que haviam encontrado o lugar que gostariam de morar, resolveram comprar um sítio, em Vargem Alta, no município de Nova Friburgo. Inicialmente não queriam comprar nesta localidade, conhecida como a segunda maior produtora de flor de corte do país, por conta do uso intensivo de agrotóxico utilizado na produção de flores. A vida, no entanto, os levou para essa localidade para plantarem as sementes da agroecologia. 

A cultura predominante da propriedade é o açaí-jussara, parente do açaí da Amazônia, e é considerado uma espécie chave no processo de regeneração das florestas, sendo um alimento rico em minerais e antioxidantes. 

Quando chegaram na propriedade, não havia nada plantado. Através de vários mutirões, foram plantando a jussara, consorciada com diferentes culturas, entre elas o abacate, os cítricos, a lichia e as espécies de roça como milho, feijão, inhame, aipim entre outras. Atualmente são 3 mil m² de sistemas implantados e 300 pés de jussara na propriedade. A expectativa é que, em 2028, estejam colhendo na propriedade 9 toneladas de açaí, pois a produção aumenta em sistemas agroflorestais. 

A história do açaí acompanha Diogo, desde quando morava em Viçosa, onde aprendeu a subir na palmeira e processar o fruto em um projeto que instituiu a Rede Jussara. Atualmente uma das formas de geração de renda vem da produção de açaí tipo A que, apesar de levar água na extração, tem uma consistência pastosa que não se encontra na região. 

O processo de escoamento tem sido basicamente através do “boca a boca”, pois a produção é pequena pela falta de mão de obra e dinheiro para investimentos maiores. Diogo sabe que a região tem um grande potencial, pois tem muita jussara e várias microrregiões que acabam por ter frutos em épocas diferentes. Sempre que há colheita acionam a rede de consumidores que já compram diretamente com eles e os pedidos começam a chegar. A meta é ser um pólo “jussareiro” na região serrana. 

Na propriedade tem uma cozinha de base comunitária. Querem aproveitar o turismo de Vargem Alta para servir aos finais de semana o açaí colhido e processado no sítio, além de petiscos e chope artesanal, produtos de alta qualidade, diferenciados que só irão encontrar ali. Também querem oferecer visitas aos sistemas agroflorestais do sítio. 

Outra importante forma de gerar renda vem das atividades desenvolvidas pela Ludmilla que trabalha com aromaterapia, focando na autonomia e na saúde integral, em especial com mulheres. Ela chegou a ter sua própria marca de cosméticos, mas atualmente integra a equipe da empresa de óleos essenciais Dõterra, realiza atendimentos e faz protocolos que permitem semear o autocuidado com o auxílio dos óleos essenciais. 

Eles vivem buscando a maior autonomia possível, pois a missão é serem responsáveis pelas ações que empreendem, seja no autocuidado, na saúde, na alimentação ou na educação. O sítio, intitulado um sítio-escola, foi rebatizado com o nome Terra-Sol e a proposta é ser um laboratório vivo e uma escola de práticas e saberes do bem viver, fazendo com que o fazer seja sensato e o aprendizado aconteça na lida com a terra, no cuidado com a saúde, na alimentação saudável e na educação diferenciada, onde o indivíduo é inteiro e traz seus saberes, trocando e aprendendo com os saberes do outro. 

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