Maria Oneida Castro e Jorge Castro - Boa Vista - Bom Jardim
GERAÇÕES QUE PLANTAM EM BARRA ALEGRE
Maria Oneida Sandra de Castro nasceu no distrito de Barra Alegre e Jorge Castro no município de Trajano, no vilarejo conhecido como Monte Café. Ambos trabalham na agricultura desde pequenos, pois seus pais eram agricultores. Eles se conheceram no distrito de Barra Alegre e se paqueravam indo para a missa, caminhando pelas estradas, mas mantendo sempre uma distância de quase um metro, pois naquele tempo não podia nem dar as mãos.
(LER TUDO)
Maria Oneida Sandra de Castro nasceu no distrito de Barra Alegre e Jorge Castro no município de Trajano, no vilarejo conhecido como Monte Café. Ambos trabalham na agricultura desde pequenos, pois seus pais eram agricultores. Eles se conheceram no distrito de Barra Alegre e se paqueravam indo para a missa, caminhando pelas estradas, mas mantendo sempre uma distância de quase um metro, pois naquele tempo não podia nem dar as mãos. Também trocavam cartas já que não havia telefone. Até que Jorge pediu aos pais para namorar com ela e, depois de quatro anos, se casaram e vieram morar no sítio que estão até hoje.
Ao longo destes anos, principalmente no início, passaram muitas dificuldades, pois não havia estradas para carro, e tinham que fazer tudo a pé. Não havia encanamento, a água vinha de banqueta e não tinha energia elétrica. Eles recordam que a primeira televisão em preto e branco que compraram precisava de uma bateria de 20 kg, tipo de caminhão. Para carregar, precisava levar na casa dos pais da Oneida, a fim de botar no gerador, o que permitia assistir apenas metade das novelas, pois a bateria não dava. Depois compraram a geladeira, que era a gás, um botijão de gás por mês, e assim foi até chegar a luz, há uns 30 anos, o que possibilitou terem um pouco mais de conforto.
Eles estão casados desde 1976 e têm um casal de filhos e três netos. Moram no sítio São Jorge e vivem da agricultura, produzindo diferentes culturas, ou seja, alimentos diversos como repolho, batata inglesa, banana, taioba, pimentão, laranja, entre outros. Também são conhecidos na região por conta da Folia de Reis e das inúmeras cavalgadas que realizam em dias festivos em homenagem aos santos padroeiros.
Atualmente tem sido cada vez mais difícil ter mão de obra para trabalhar no campo. Eles dizem que, se não colocar a mão na massa, não terá comida para colocar no prato de toda gente. A lida no sítio é diária, tem serviço todos os dias, de segunda-feira a segunda-feira. Se a roça não planta, a cidade não janta, diz Jorge Castro, que compartilha que a labuta é dura e, muitas vezes, as pessoas não sabem o trabalho que dá. No entanto, eles seguem resistindo, dia e noite, cuidando da plantação, para poder fazer chegar na mesa das pessoas um alimento produzido com suor e dedicação. Seu filho mais velho e a nora trabalham na agricultura também e, hoje, são quem garante a renovação geracional no campo.
Além do trabalho na agricultura, eles têm mantido viva uma importante manifestação popular do nosso país, a Folia de Reis, conhecida na comunidade como Bandeira do Divino Espírito Santo. A folia nasceu em 1976 e, desde então, nunca mais parou. Apenas no período da pandemia do Covid-19 interromperam as atividades para manter os protocolos de segurança previstos. Atualmente a folia envolve 25 foliões e, no período de dezembro a janeiro, visitam diversos municípios da região serrana, como Duas Barras, Macuco, Cantagalo, Bom Jardim, Nova Friburgo, entre outros.
Além das saídas da folia pela comunidade com os foliões e da participação nos circuitos pelos municípios da região, eles mantêm em casa um oratório, o Santuário do Reisado, onde guardam a bandeira, os instrumentos e o presépio. E realizam encontros de Folias de Reis em São José do Ribeirão, onde convidam folias de reis da região, que se apresentam no coreto do distrito.
As cavalgadas acontecem há mais de 20 anos. Entre as mais antigas, está a cavalgada de Nossa Senhora Aparecida, que acontece há 15 anos, sempre dia 12 de outubro, sendo considerada a maior cavalgada do distrito de Barra Alegre em Bom Jardim, pois envolve mais de 300 cavaleiros. As cavalgadas movimentam um recurso importante para a região: gera renda para quem trabalha com selaria, pois vende arreio, para quem vende ferradura, para amansadores de cavalos, entre outros.
Também fazem o encontro de fusca, conhecida como baratinha antiga, para divulgar o valor do fusca para quem mora em comunidades rurais. Eles estão sempre lutando para valorizar a cultura rural, pois acreditam que é importante preservar os modos de vida presentes no campo, onde conviveram a vida toda.
Na pandemia mantiveram a venda de seus produtos para o CEASA, pois tinha pouco comprador direto por causa do perigo do Covid-19, mas consideram que não foi ruim, pois puderam se dedicar mais ao plantio e aumentar sua produção. Mas não tem sido fácil manter a produção, pois atualmente os insumos estão muito caros. E quando a produção empaca, acabam perdendo muito dinheiro. Contudo, como o prazer de plantar é grande demais, eles nunca param.